segunda-feira, 14 de maio de 2007

Ele, ela, praia, tequila...

[Em parceria com Bárbara Lemos]

Ela queria fazer alguma coisa diferente. Eu também. Quem deu a idéia de ir à praia à noite, conversar e esperar o dia amanhecer foi ela. A tequila foi idéia minha. Quando estivesse perto de sua casa, telefonaria, esperaria lá em frente, atravessaríamos a rua e já estaríamos na praia. Morar à beira-mar de Boa Viagem, coisa boa, não?

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Não nego que tive segundas intenções quando o convidei, mas precisava desesperadamente sair de casa, beber, fazer algo diferente. Olhei o relógio. Estava em cima da hora e eu não conseguia decidir o que usar ou levar. Ele ligou. Peguei rápido o primeiro vestido que vi e o violão. Desci correndo, detesto fazer as pessoas esperarem por mim. Cheguei meio sem fôlego e só consegui rir quando o avistei. Devo ter causado alguma má impressão, não sei. Decidi apenas segui-lo até a areia sem falar nada. Certas coisas me deixam desconcertada.

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Mulheres! Ela deve ter passado um longo tempo pensando no que vestir, ou coisa assim. Chegou ofegante até mim, sorriu - como eu gostava daquele sorriso! -, estava com um vestido que eu adorava vê-la usando, trazia consigo o violão. Chegamos até a areia em silêncio, fomos molhar os pés no mar. Ela estava tão bonita, cabelos soltos... Aquilo me fazia sentir umas coisas que eu não sabia explicar...

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Fomos até o mar molhar os pés. Ele me olhava diferente e eu senti meu rosto corar. Peguei um pouco de água com as mãos e joguei em cima dele, tentando descontrair. Comecei a rir, roubei a tequila e sai correndo. Às vezes, me sinto tão infantil. Fiquei mais aliviada quando ele me seguiu rindo e me abraçou, tomando a garrafa das minhas mãos e sentando.

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Jogou água do mar em mim com as mãos, roubou-me a garrafa e saiu correndo, uma criança. Linda criança. Ainda bem que ela havia feito aquilo, não queria deixá-la sem graça caso ela percebesse meus olhares daquele jeito diferente, mas eu não podia evitar. Corri atrás dela, só queria um pretexto para abraçá-la e sentir seu cheiro bom. Tomei de volta a garrafa, sentei-me, ela sentou-se ao meu lado, perto o suficiente para eu continuar sentindo seu perfume. E vieram as primeiras palavras da noite, as primeiras notas de violão... e as primeiras doses da tequila...

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Começamos a beber e o papo fluiu. Conversamos sobre tudo com a maior naturalidade, até o álcool fazer efeito e certas bobeiras saírem dos meus lábios. Fui baixando o rosto, olhando o violão caído na areia à medida em que o assunto ia ficando cada vez mais íntimo. Normalmente não me sinto tão constrangida em falar sobre esse tipo de coisa e ainda não consigo entender o porquê dessa timidez boba. Soltava algumas risadas nervosas e gesticulava muito, decidi beber mais para me manter quieta.

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Não suportei não tentar beijá-la.

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Um silêncio repentino se instalou e me fez olhar o céu, à procura da lua. Senti a mão dele tocar-me a nuca e o olhei. Nossos rostos estavam tão próximos que podia sentir o calor da sua respiração. Recuei quando senti os seus lábios tocarem os meus. Sorri e recebi um beijo delicioso.

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E surgiram mãos, línguas, pernas, seios... Ali na areia, ninguém por perto, amando-nos feito dois pagãos. Esqueci do tempo e de qualquer outra coisa, éramos só nós dois.

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Nada mais fazia sentido. Em poucos minutos estávamos ofegantes, suados, cansados. Uma urgência louca havia tomado conta dos nossos corpos. Ficamos assim, nus, deitados na areia, olhando o sol começar a nascer com um sorriso de satisfação desenhado nos lábios.

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Tudo parecia fazer sentido, o universo estava em harmonia. Senti-me no céu. Um anjo estava ao meu lado. E eu acabara de fazer amor com ele.

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Para ouvir:

14 comentários:

Anônimo disse...

Hm... praia a noite já é bom.
Nessas condições, então..

Muito bom o post.

Beijos

Anônimo disse...

e ai sebastiao! valeu pelo comentario.. claro q lembro de What's Up.. hehehe musica ÓTIMA, adoro.. mas como eu tinha colocado duas q sao engraçadas demais, achei q nao combinaria colocar uma musica realmente boa ali! Um amigo meu até comentou la... q lembrou tb, de What's Up! E aquela Torn, uma musiquinha meio adolescente, da Natalie Imbruglia (acho que é assim q se escreve)!

q post lindo hein... adorei.

B. disse...

Olá querido!

MUITO BOMMMM! (o alcool entra e a verdade sai!) rssss

Boa semana ;-)

Bjinhos

Anônimo disse...

eu já fiz isso. e fiquei com areia no cabelo uns três dias. (a areia da alma tá em mim até hj!)

Bárbara Lemos disse...

Não gostou mais do que eu, disso eu tenho certeza. rs

Mitch Souza disse...

olha só que boa parceria!
Cenas comuns, mas contadas com maestria! muito bom... um que de sublime parabéns!

abraços

dän disse...

o "oi" do dia!

Anônimo disse...

Lindo conto! Continuem a parceria, ficou ótima!
O melhor remédio para o desejo reprimido é sem dúvida uma boa dose de tequila.

Abraços

Flávia disse...

Cara, que texto mais lindo!!!Adorei!!!

Anônimo disse...

melhor que ter fantasias é realizar né?

Beijos

Julis disse...

hmmmm praia à noite é o que há

Strange Little Girl disse...

Nossa, adorei o texto! Eu sou louca por praia e mar, mas prefiro essas cenas no plano da fantasia mesmo. Na vida real só se tiver toalha de piquenique! Quanto ao álcool e as conversas íntimas, nossa, isso rende cada experiência! Às vezes uma ressaca horrível e uns atos esquisitíssimos, mas ainda assim vale a pena. Nem que seja para ter uma história para contar!

Beijos

mari (a)penas... disse...

Olá!
Bonita história!
Obrigado pelo comment no meu blog!

Bj*

Cissa disse...

eu gosto da sutileza do seu texto.