terça-feira, 14 de novembro de 2006

Sobre o nada

Afinal, o que é o nada? Acho que é preciso distinguir três coisas. O vácuo, o vazio e o nada. O vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria, nem sólida, nem líquida nem gasosa. Mas pode conter campos magnéticos, gravitacionais, luz, ondas de rádio e, quem sabe, espíritos. O vazio já é um espaço sem matéria e sem nenhuma outra coisa, nem campos, nem luz, nem ondas. Será que tem espíritos, se é que existem (isto é outra questão)? Mas no vazio tem ainda o espaço vazio, isto é, há a capacidade de caber algo, só que não tem. No nada não existe nem o espaço, isto é, não há nada e nem um lugar vazio para caber algo. Antes do big-bang, no universo havia o nada, não havia matéria, nem luz, nem espaço, nem tempo. O nada não é um lugar. É um que não é lugar. Você não pode estar no nada porque você sempre tem que estar em algum lugar. Mesmo um ponto infinitesimal está em certo lugar do espaço (que é o conjunto dos pontos, isto é, das possibilidades de localização). A questão é, existe o nada? Por definição quando se fala de existência se fala da existência de algo. E o nada não é algo nenhum. Como pode existir coisa nenhuma? No entanto existe. A ausência de tudo pode existir e de fato existe. O que existe entre dois corpos completamente em contato? Considere a interface entre o ar e a água de um lago tranquilo. Acima da última molécula de água e abaixo da primeira molécula de ar o que existe? Nada! Nem espaço para caber algo. Já pensaram que tudo que existe (isto é, o universo) pode simplesmente não existir e ser tudo apenas uma alucinação da nossa própria mente, que seria a única coisa que existe. Como ter certeza de que existe alguma coisa fora da nossa própria mente, inclusive o nosso corpo? Então o nada seria simplesmente tudo, isto é tudo é nada.


O texto acima não é de minha autoria, é de Ernesto von Rückert. Muito interessante! Mais sobre o autor, acesse seu blog:

http://www.ruckert.pro.br/blog/

Que coisa, não?

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